domingo, 4 de outubro de 2009


E um eremita, que visitava a cidade uma vez por ano, veio à frente e disse: Fala-nos do Prazer.

E ele respondeu dizendo:

O prazer é uma canção de liberdade,
Mas não é a liberdade.
É o florescer dos vossos desejos,
Mas não é o seu fruto.
É uma profundeza que atinge uma altura,
Mas não é o profundo nem o alto.
É o que está na gaiola que alça seu vôo,
Mas não é o espaço contido.
Sim, em verdade, o prazer é uma canção de liberdade.
E como gostaria que a cantásseis com todo o vosso coração; mas não gostaria que perdêsseis vossos corações na canção.
Alguns de vossos jovens buscam o prazer como se ele fosse tudo e são julgados e reprimidos.
Eu não os julgaria ou reprimiria. Eu faria com que buscassem.
Pois eles encontrarão o prazer, mas não apenas ele;
Sete são suas irmãs, e a mais insignificante é mais bonita que o prazer.
Já não ouvistes falar do homem que escavava em busca de raízes e encontrou o tesouro?
E alguns de vossos anciãos lembram-se dos prazeres com arrependimento, como se fossem erros cometidos durante a bebedeira.
Mas arrepender-se é obscurecer a mente, e não torná-la casta.
Devem lembrar-se de seus prazeres com gratidão, como da colheita de um verão.
Porém, se o arrependimento os conforta, deixai que sejam confortados.
E há aqueles entre vós que não são jovens para buscar, nem velhos para lembrar;
E, em seu medo de buscar e de lembrar-se, evitam todos os prazeres, temendo negligenciar o espírito ou ofendê-lo.
Mas mesmo evitar é seu prazer.
E assim eles também encontram um tesouro, apesar de cavarem buscando raízes, com suas mãos trêmulas.
Mas, falai-me, quem é aquele que pode ofender o espírito?
O rouxinol ofende o silêncio da noite, ou o vaga-lume, as estrelas?
E vossa chama ou vossa fumaça, sobrecarregam o vento?
Achais vós que o espírito é um lago parado que podeis perturbar com uma vara?
Muitas vezes, ao negar-vos prazer, o que fazeis é guardar o desejo nos recessos do vosso ser.
Quem sabe se o que parece estar esquecido hoje espera pelo amanhã?
Mesmo vosso corpo conhece sua herança, e sua verdadeira necessidade e vontade não serão enganadas.
E vossos corpos são a harpa de vossas almas,
E está em vós fazer com que sua música seja doce ou que emita sons confusos.
E agora perguntais em vossos corações: "Como distinguiremos o que é bom no prazer do que não é bom?"
Ide aos vossos campos e aos vossos jardins, e aprendereis que é o prazer da abelha colher mel da flor,
Mas que também é o prazer da flor dar mel à abelha.
Pois para a abelha, a flor é a fonte da vida,
E para a flor, a abelha é o mensageiro do amor,
E para ambas, abelha e flor, o dar e o receber do prazer são uma necessidade e um êxtase.
Povo de Orfalese, sede, em seus prazeres, como as flores e as abelhas.
(Khalil Gibran , "O Profeta")

Perceber o prazer além das formas...

Vislumbrá-lo em sua imensidão...

De fato, ele não deve ser restringido à uma necessidade... compreendê-lo como tal seria rebaixá-lo a fruto desse mundo...

E ele é muito mais do que isso...

O prazer não é meramente da "carne", ele é um "êxtase" quando também vinculado a um estado de "alma"...

Prefiro encará-lo assim para buscá-lo assim e ser verdadeiramente feliz assim...

O meu ser agradece...

Pois quando ele se afugenta é sinal de que nem tudo é o que parece...

Então o vazio acontece...

E remover o que não é torna-se uma sina...

E nos bailes da vida não é que ELA redescobre sua alegria de menina?

E aos pouquinhos EU volto a cantar a canção da liberdade com todo o meu coração,

e "o ser" aliviado resplandece,

com toda sua força,

exultante,

vibrante,

estonteante.

Retornou à sua morada.

Após o desencontro O REENCONTRO!

NECESSÁRIO...

E, com certeza...

UM ÊXTASE!!!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009



Eu não dispenso o seu amor,
Mas também não te obrigo a tê-lo por mim.
Se queres me amar,
Que o faças espontaneamente,
Pois não quero um amor exigente,
Nem, muito menos, condicionante.
O seu amor só será reconhecido por mim, se você optou livremente por ele.
Do contrário, se você se sente compelido a me amar na ilusão de que comigo alcançará a felicidade que intrinsecamente lhe falta,
Por favor, dê meia-volta e vá viver na sua realidade sentimental com quem se identifique com ela!
Não quero um amor imposto, não venha tolhir a minha liberdade, quem é você para dizer como eu deva ser?
Não venha me amar como se eu fosse sua! Eu não sou objeto do seu amor! Amar não implica "apropriar-se de", como se você pudesse fazer de mim uma escrava de suas vontades!
Ah meu querido, amor mal-amado, é com muito gosto que eu te desmascaro e te digo:
Você não é soberano! E nem eu a sua serva!
Simplesmente porque eu sou livre para amar, enquanto você é um obcecado em si amar!
Que pretensão a sua pensar que eu alimentaria esse seu amor mimado, pífio, egoísta, degradante!
O verdadeiro amor não pensa em si; aliás, ele nem pensa.
Ele flui, sem pressa;
E, ao seu ritmo, se torna um elo entre dois seres.
Surge como um terceiro elemento exclusivamente resultante de uma interação...
Quando dois não são um,
Ou um, num encontro a dois, não continua sendo um.
Mas são três: eu, você e "ele".
E se eu ou você deixamos de ser,
"ele" perde totalmente o sentido...
Porque sozinho "ele" é surreal, inexistente;
E quantos são aqueles que defendem esse amor que não é amor...
Que renegam-se sustentando o devaneio de que dois são um,
Ou de que um, num encontro a dois, continua sendo um...
Nutrindo-se de um martírio a que chamam de amor...
Vão viver livremente o amor!
Libertem-se do amor que nunca foi amor ou simplesmente deixou de sê-lo!
Escolham amar ou não amar,
Não se aprisionem no amor romântico!