quinta-feira, 30 de julho de 2009



Nos instantes silenciosos, exercitamos o aprendizado que nos levará a abrir um canal receptivo à Consciência Divina. É nesse momento que ficamos cientes de que realmente não estamos sozinhos e que podemos entrar em contato com a voz da consciência. A voz de Deus, por assim dizer, começará a "falar em nós".

(Francisco do Espírito Santo Neto)

É impressionante como o contato com a natureza nos torna tão serenos. É uma sensação tão boa, uma paz interior sem igual que surge na profundidade do ser. Contemplar a natureza é interagir com ela, é sentir que dela fazemos parte, é perceber que de alguma forma há uma conexão entre tudo aquilo que se origina de uma mesma fonte chamada Deus. A harmonia interior provocada por essa interação com o universo vital se torna possível na medida em que você se dispõe a senti-lo, libertando-se do autocontrole que lhe impõe a mente. É nesse momento que você se permite simplesmente ser com o outro, sem deixar de ser o que é: partes que se entrelaçam, essências singulares que se integram sem que se confundam, dilatando o meu, o seu, o nosso mundo, não me levando de mim, mas levando-me até mim.
Que a contemplação se torne um hábito, pois por meio dela encontro a paz que constantemente busco e que nem sempre alcanço, fato este resultante, creio eu, do meu entretenimento com o eu irrelevante, com aquele que por várias vezes teima em ser quem eu verdadeiramente não sou.
Interagir com a natureza, hoje e sempre, é esse o meu desejo; que assim seja, amém.




domingo, 19 de julho de 2009



Sinto falta de você.
Mas o que sinto falta é de tudo o que é
seu e que me falta.
Sinto falta de minhas faltas que em você não faltam.
Sinto falta do que eu gostaria de ser e que você já é.
Estranho jeito de carecer, de parecer amor.
Hoje, neste ímpeto de honestidade
que me faz dizer,
Eu descobri minhas carências inconfessáveis
Que insisto em manter veladas.
Acessei o baú de minhas razões inconscientes
E descobri um motivo para não continuar mentindo.
Hoje eu quero lhe confessar o meu não amor,
Mesmo que pareça ser.
Eu não tenho o direito de adentrar o seu território
Com o objetivo de lhe roubar a escritura.
Amor só vale a pena se for para ampliar
o que já temos.
Você era melhor antes de mim, e só agora posso ver.
Nessa vida de fachadas tão atraentes e fascinantes;
Nestes tempos de retirados e retirantes,
Sequestrados e sequestradores,
A gente corre o risco
De não saber exatamente quem somos.
Mas o tempo de saber já chegou.
Não quero mais conviver com meu lado obscuro,
E, por isso, ouso direcionar meus braços
Na direção da dose de honestidade que hoje me cabe.
Hoje quero lhe confessar meu egoísmo.
Quem sabe assim eu possa
Ainda que por um instante amar você de verdade.
Perdoe-me se meu amor chegou tarde demais,
Se meu querer bem é inoportuno e em hora errada.
É que hoje eu quero lhe confessar meu desatino,
Meu segredo tão desconcertante:
Ao dizer que sinto falta de você
Eu sinto falta é de mim mesmo.

(Fábio de Melo)

O outro não pode ser a projeção daquilo que nos falta. Isso porque a todo tempo vamos tentar encaixá-lo na moldura resultante de nossa perspectiva pessoal. A decepção será certa. Acredito que essa tendência é fruto de um egoísmo e de uma imaturidade tremenda. Não podemos exigir que o outro corresponda às nossas expectativas, pois isto seria sequestrá-lo absurdamente dele mesmo! Cada um é o que é. Imaginá-lo é uma forma de vinculá-lo ao surreal, é erigi-lo à ilusão! Contudo, confesso que em alguns momentos a minha imaginação não me dá sossego!!! Que inferno! Hahahaha tem hora que o melhor é achar graça do que é sem graça para descontrair e seguir em frente. Avante!
E é graças à minha imaginação as vezes sem graça que eu me perco de mim, que eu enlouqueço, acreditando sentir falta de você quando na verdade sinto falta é de mim mesma, daquela que não imaginou, que um dia só observou e objetivamente constatou.






sexta-feira, 17 de julho de 2009



As vezes tenho a impressão de que a razão é mais valorizada do que a emoção! Porque será? É claro que a razão tem o seu lugar, mas a emoção... ah, a emoção! O que seria da vivência humana sem a emoção? Seria uma história em preto e branco, meio azedinha, "normal"...
Como seria viver sem a aflição, sem qualquer outra sensação, sem a paixão... sinceramente não sei... acho que a vida seria meio sem graça, pois o que não se explica, mas o que verdadeiramente se sente (essencialmente quando é algo bom!) parece fazer toda a diferença. Alguém me explica porque a razão ainda é tão valorizada em detrimento da emoção? Será que a noção de autocontrole trazida pela razão é o que sustenta sua importância? Relembre os seus momentos mais felizes... a razão, primordialmente, fez parte deles?
O grande desafio é conseguir saber usar a razão e a emoção na dosagem certa. Mas qual a dosagem certa, meu Deus?
Ambos proporcionam a distorção da realidade quando um se sobrepõe ao outro, porém, qual o momento em que essa percepção é real e consciente? Há momentos em que constato a minha frieza, a minha racionalidade em ação... é quando me sinto mais segura... mas até que ponto essa segurança não é ilusão? No que tange às minhas emoções, ao me deixar envolver por elas, nem sempre mantenho a sanidade, em outros termos, o autocontrole... será que considero são quem se autocontrola? Não! Não pode ser! Até porque perder o autocontrole ao lado de quem também se propõe o mesmo é maravilhoso... nada é dito, a correspondência é gestual, transcendental, natural... porquanto, de alguma forma, aqueles que se encontram com esse propósito, nessa sintonia, estão juntos, ao menos naquele momento... peraí, quem disse que isso também não é uma ilusão?






quinta-feira, 16 de julho de 2009


No distanciamento está a sabedoria da incerteza...
na sabedoria da incerteza está a libertação do passado, do conhecido, que é a prisão dos velhos condicionamentos.
E na mera disponibilidade para o desconhecido,
para o campo de todas as possibilidades,
rendemo-nos à mente criativa que rege o universo.
(Deepak Chopra)
É o distanciamento que me traz discernimento quando me encontro inserida no meu próprio caos. O meu verdadeiro eu não se manifesta espontaneamente quando sou boicotada pelo ego o qual me incita a distorcer a realidade, aprisionando-me fora de mim mesma, trazendo-me à inconsciência, à falsa percepção da minha essência e do mundo ao meu redor.
O mais interessante disso tudo é que o retorno à consciência, hábil em proporcionar a real liberdade do ser em si, só se torna possível quando se consegue detectar o ego, ou em outros termos, o que se não é. A partir disso, o irreal começa a perder força.
Contudo, para tornar pragmática a intenção de ser o que se é, a vigília de si próprio tem que ser constante, ao menos para perceber o que se não é.
Acredito que a razão é um instrumento essencial para trazer o ser humano à realidade, porquanto, particularmente, tenho a impressão que frequentemente a rechacei para vivenciar um mundo fantástico, onde as expectativas de todos em relação a tudo e a todos fossem atendidas, como se adversidades não existissem e o "feliz para sempre" fosse inerente a esse mundo idealizado (e, em sendo ideal, não é real, pelo contrário, é sobrehumano e, portanto, inatingível!).
Parece loucura, mas a pior loucura é se manter na inconsciência.
Por óbvio que estabelecer ou restabelecer a sanidade não é tão fácil assim. Para tanto é essencial a renúncia ao apego ao conhecido, pois querendo ou não, ele retrata velhos condicionamentos, derivados de experiências anteriores, da influência familiar, cultural, social e por aí vai...
Vivendo a partir dessa perspectiva nova para mim (é o que venho tentando fazer, e confesso que é um trabalho árduo, mas deslumbrante!), percebo a importância do outro em minha vida, seja ele quem for, pois a partir dele me observo, me experimento, sinto as reações que ele me causa e vice-versa (daí, inclusive, a importância da sensibilidade), buscando sempre não me incorrer na neurose de me projetar no outro; tento sim notar o outro, captar sua essência, constatar a sua unicidade, por mais difícil que muitas vezes me pareça.
Não quero ser uma farsa!!!!!!!!!!! E você?