"Eis que a guerreira surge!! Forte, corajosa, linda, montada em seu exótico dragão vermelho, empunhando uma espada dourada. Tem cabelos de fogo, pele queimada de Sol, com cicatrizes de vários ferimentos adquiridos ao longo de sua jornada de batalhas... Grandes cicatrizes, ora profundas, ora superficiais... Seus pés são calejados de vida... Seus olhos... Seus olhos não consigo ver... Estão sombreados. Parecem distantes e opacos. Escondem uma mácula interna profunda no peito, uma dor que a acompanha desde que descobriu que seus poderes não são eternos... Nem infinitos... No fundo se sente frágil, inocente e doce. Mas é uma guerreira por excelência, precisa travar batalhas diárias e isto a retroalimenta. Um verdadeiro paradoxo. "O que me mata aos poucos me mantêm viva agora" - pensa quando vacila em sua defesa e acaba revelando a menina doce que esconde no lugar mais profundo de sua alma. Poucos viram esta sua face. Ninguém a conheceu em sua plenitude, nem ela mesma... Mas sua coragem de ser livre a aprisiona em linhas muito tênues de solidão. Solidão da jornada, solidão de ser ainda humana, solidão em não ter um colo prá deitar quando volta prá sua caverna ferida e cansada de luta... Ela quer um novo amor prá cuidar e ser cuidada. Já teve vários amores devotos, fiéis e sinceros, mas seu espírito em constante mutação nunca conseguiu manter um sentimento fiel por muito tempo. Porque no início tudo é descoberta, mas tem de ser descoberta sempre... E várias vezes ela investigou, conheceu, amou... Mas seu amor pára de crescer quando cessa o crescimento e a busca do outro... Ela precisa de um guerreiro também, mas estes tipos parecem só viver mesmo nos contos de fadas e nos filmes de história greco-romana. Talvez ela esteja em outra dimensão e não saiba. O fato é que por dentro da carcaça da guerreira há uma menina doce, inocente e frágil. Seus olhos tão sombreados, estão distantes e opacos. E assim ela passa montada em seu dragão vermelho, voando baixo com sua espada dourada empunhada na mão."
